Josiah Latimer Clark (1822-1898)


Peter Meyer


Iniciou sua carreira como engenheiro químico em Dublin e ficou interessado em pesquisas e na construção de estradas de ferro. Lembrado pelo seu trabalho com o telégrafo, em 1854 ele patenteou "O serviço de condução de cartas e pacotes entre dois lugares através de ar comprimido ou vácuo", posteriormente chamado SERVIÇO POSTAL PNEUMÁTICO.

Foi engenheiro chefe em 1854, sucedendo o seu irmão Edwin, da Companhia de Telégrafos Elétricos, posição que manteve até 1861, quando aceitou o desafio de criar novos empreendimentos.

Desenvolveu invenções como sinais em cabos submarinos, proteções de cabos submarinos contra a corrosão e conectou com telégrafo elétrico a Inglaterra com a Índia. Juntamente com T.W.Rammell, formou a Companhia de Despacho Pneumático em 1861 para construir um grande sistema de serviço pneumático. Após muitos anos desenvolvendo o sistema a Royal Mail abandonou o projeto em 1874, em virtude dos elevados custos.

O sistema foi adotado na europa continental em três grandes cidades: Viena, Berlin e Paris, durante o último lustro do século XIX.

O sistema, extensão do serviço telegráfico, tinha seus próprios impressos (cartas-bilhete, envelopes), que eram conduzidos por "balas" em tubos de 65 a 80 mm de diâmetro. Cada "bala" conduzia de 20 a 30 cartas por vez. A "bala" viajava a velocidade de até 50 Km/hora.

O precursor do email concorria em preço com o telégrafo, cobrado por palavra.

Em 1853, entre a Bolsa de Londres e a Agência dos Telégrafos, foi instalada uma linha de 220 metros, num tubo de 3,8 cm, sob as ruas, que serviu para o envio de mensagens. Uma máquina a vapor de 6 HP’s conduzia a correspondência num sentido (Bolsa/Telégrafos) e da agência voltavam as respostas por cabo telegráfico. Mais de 5 mensagens eram enviadas em apenas 30 segundos da Bolsa de Valores, enquanto da reposta demorava 1 minuto por telegrama. Antes do final desta década tubos com diâmetros maiores passaram a conduzir o correio pneumático nos caminhos de ida e volta.

Este sucesso inglês levaram as bolsas de Berlim (1865), Paris (1866) e New York (1876) a adotarem o sistema pneumático de comunicação. Na Europa, nos países onde Correios e Telégrafos pertenciam ao Estado a adoção do sistema pneumático foi logo utilizado.

NA ÁUSTRIA-VIENNA

Em Viena o serviço começou em março de 1875, com uma tarifa inicial de 20 Kreutzer por pneumática, serviço caro comparado com a tarifa local de 3 Kreutzer de uma carta simples, mas uma pechincha quando comparado ao telegrama, cobrado por palavra.

No início não houve aceitação das cartas-bilhetes, impopulares, substituídas no ano seguinte pelos envelopes. Em 1879 por 10 Kreutzer foram introduzidos os Bilhetes Postais e com resposta paga no ano seguinte.

NA ALEMANHA-BERLIM

Quinze agências telegráficas de Berlim iniciaram o serviço de correio telegráfico em 1 de dezembro de 1876. Chamada de "Rohrpost" (literalmente correio no tubo) interligadas em dois hexágonos irregulares. A rede aumentada entre 1882 e 1884 passou a ser a rede mais eficiente no mundo. A tarifa era de 25 Pfennigs para cartões postais e de 30 para envelopes. As tarifas permaneceram inalteradas até o início da Primeira Grande Guerra e o sistema de carimbos, tráfego era o com as melhores indicações.

NA FRANÇA-PARIS

O serviço pneumático parisiense, o mais próximo do serviço pneumático, iniciou em 1866 na Bolsa de valores. Em 1879 telegramas locais foram introduzidos no serviços pneumático. As fórmulas telegráficas, pneumáticas custavam 50 centimes para cartões postais e 75 centimes para as cartas-bilhete. No início apenas 6 estações, das 36 agências, começaram a operar com o sistema. As operações permaneceram confinadas aos muros da cidade de 1791 até 1881. Gradualmente o serviço, combinado com o PT&T, foi aumentando e as fórmulas pneumáticas era denominadas petit-blue, mesmo depois quando impressas em outras cores. Em 1898 até fórmulas particulares foram permitidas nos correios pneumáticos.

No século XX o sistema pneumático continuou a crescer nestas cidades e o governo austríaco chegou a construir este método em Praga, atual capital da república Tcheca.

Ainda no início do século XX as seguintes cidades receberam o serviço postal pneumático: Roma, Milão, Nápoles, Marselha, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Algiers, Zurique e Munique. O último serviço pneumático foi realizado em 1984 na cidade de Paris.

O SERVIÇO POSTAL PNEUMÁTICO NO BRASIL-RIO DE JANEIRO

Existiu entre 1910 e 1939 apenas na cidade do Rio de Janeiro (na época a nossa capital federal) e funcionou para a transmissão de mensagens urgentes.

Deste serviço pouco se conhece e as peças ainda existentes são bastante escassas.

A rede tubular pneumática do Rio de Janeiro é conhecida graças um Mapa encontrado em anexo a uma carta pneumática.

Sabe-se da existência de apenas dois mapas com estas informações.

A rede tubular começava na Praça XV de Novembro, no Edifício dos Telégrafos, passando pelo Correio Geral na rua Primeiro de Março e daí para a sucursal da Av. Rio Branco.

Deste tronco saiam duas linhas, uma com estações na Lapa e no Palácio do Catete, até a Praça Duque de Caxias (atual Largo do Machado), e a outra com estações na Estrada de Ferro Central do Brasil (atualmente Estação D. Pedro II), Estácio de Sá, até São Cristóvão, na Praça das Bandeiras, com um ramal para o Botafogo.

Criadas pela Portaria nº 1386 de 10-11-1910.

No Rio de Janeiro existiam as seguintes estações para a postagem de cartas pneumáticas:

a - Largo do Machado (ou Praça Duque de Caxias)
b - Lapa
c - Praça 15 de Novembro
d - Av. Rio Branco
e - Correio Geral
f - Estação D.Pedro II
g - Estácio de Sá
h - São Cristovão (Praça da Bandeira) com um ramal para Botafogo e para o Palácio do Catete.

As tarifas postais, a classificação e os valores destas peças pode-se encontrar no Catálogo de Selos do Brasil de 2004 da Editora RHM.

FONTES: Artigo Faster Mail-In A Vacuum de David Straight na revista American Philatelist de março de 2005 e Catálogo de Selos do Brasil de 2004, Editora RHM Ltda.

Fotos Ilustrativas: