PENÍNSULA DOS BÁLCÃS
Ana
Lúcia Loureiro Sampaio
Gosto muito das idéias
que me dão e procuro colocá-las em prática, na medida do possível e quando se
faz oportuno. Muito obrigada pelas críticas e pelas palavras de estímulo. Tudo
isso é muito bom, a fim de aprimorar esta proposta de estudo de História e
Geografia, que nos permitirá entender melhor os selos dos países e o mundo em
que vivemos.
Vocês todos já sabem
que estamos tratando de conhecer melhor os novos países, ou melhor, que
pensamos ser novos, situados na Península dos Bálcãs ou Península Balcânica.
Mas não havíamos ainda,
estudado mais a fundo, para saber o que é essa península. Pois é gente, faz
falta, agora, um mapa, mas dentro de pouco tempo esse problema estará
resolvido; e vocês vão ter uma bela surpresa.
Mas voltemos a
Península dos Bálcãs, que é o nosso problema no presente momento. Pensem no
mapa da Europa, imaginem a “bota” que é a Itália, pendurada na Europa Ocidental
e mergulhando no mar Mediterrâneo (essa todo mundo conhece); logo ao lado
direito, há um outro apêndice bem mais largo e menos protuberante que acompanha
quase que paralelamente toda a extensão da “bota”, terminando também no mar
Mediterrâneo; lembra um vulcão de cabeça para baixo com a Grécia ladeando a
cratera e as ilhas gregas servindo de fumaça. Este vulcão é a Península dos
Bálcãs e, sua história também não é muito diferente dessa imagem.
O nome da península é
devido a um grande maciço da Bulgária, os montes Bálcãs no nordeste dessa
península. O mar estreito que fica entre as penínsulas, Itálica e Balcânica,
chama-se Adriático e o que banha o litoral oeste da Península Balcânica
(Bulgária e a Turquia) é o mar Negro.
Na Península Balcânica,
atualmente, estão os seguintes países: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegóvina,
Montenegro, Albânia, Kosovo, Sérvia, parte da Romênia (sul), Bulgária,
Macedônia, Grécia e Turquia (parte européia).
É a mais oriental das
penínsulas mediterrâneas, situada entre o os mares Adriático e Negro, ao sul
dos vales dos rios Sava e Danúbio, e separando, no extremo Sul o Mediterrâneo
ocidental, do Mediterrâneo oriental, por meio de diversas ilhas e pequenas
penínsulas espalhadas.
É povoada por mais de
50.000.000 de habitantes de diversas etnias, religiões, hábitos e costumes. O
clima é mediterrâneo no litoral e nas ilhas e predominantemente continental no
interior em especial ao leste. Trata-se de um ponto estratégico; a porta da
Ásia e do Mediterrâneo oriental. A península é dividida politicamente em países
diferentes, porém apresenta características econômicas semelhantes;
concentração de agricultura na planície, às vezes irrigada, ligada ao
despovoamento da montanha. Exploração de minérios principalmente não ferrosos e
urbanização sempre crescente. A relativa industrialização e o desenvolvimento do
turismo não impedem a falta de empregos e a imigração; principalmente de gregos
e turcos.
A península foi no
curso da História um cadinho onde se fundiram povos vindos do Norte e do Leste.
Os ilírios e os trácios já lá estavam desde os tempos pré-históricos, vieram os
aqueus, depois os dórios no II milênio AC e os celtas no século IV AC. Ocupada
pelos romanos no século II AC, que chegaram até o Danúbio, a península foi
dividida em várias províncias depois agrupadas na prefeitura da Ilíria que
quando ocorreu a divisão do Império ficou com a parte do Império Romano
oriental de Constantinopla. Os germanos, lombardos e ávaros instalaram-se na
região e a partir do século VI foram sendo substituídos por outros povos vindos
da Ásia; uns de origem eslava (sérvios e croatas) outros eslavizados (búlgaros
de origem tártara). Esses povos expulsaram para as regiões montanhosas a
população autóctone; isto é nativa, ainda existente; como os albaneses, e deram
origem a Estados. Dois impérios búlgaros nos séculos X a XII e ao reino da
Sérvia nos séculos XII a XIV. Entretanto, antagonismos nacionais, oposições
religiosas, e múltiplas tradições culturais muito diversificadas, fomentaram
inúmeros conflitos e impedindo que a região tivesse estabilidade política e
coesão. Dessa forma, não foi possível resistir à invasão dos turcos otomanos.
A península ficou sob
domínio político e religioso (islamismo) dos turcos até o final do século XVII
Quando a Europa Cristã lançou-se a reconquista desse território, principalmente
por iniciativa da Áustria e da Rússia. Mas as divergências entre essas duas
potências provocaram uma série de conflitos e escaramuças que envolveram as
grandes potências européias, iniciando um longo período de instabilidade que
durou até as duas Guerras Mundias no século XX.
Aproveitando essas
rivalidades das nações européias e a derrocada dos otomanos, os povos
balcânicos recuperaram a independência; a Grécia e a Sérvia em 1830, os
principados romenos de Valáquia e Moldávia em 1856 e a Bulgária em 1878. Em
seguida disputaram entre si os despojos do Império Otomano na península. No
começo do século XX esses conflitos contribuíram para desencadear a I ª Guerra
Mundial, durante a qual a península, com exceção da Grécia foi ocupada pelas
potências centrais (Império Austro-Húngaro). Os tratados de 1919 e 1920,
concebidos segundo o princípio das nacionalidades, criaram a Iugoslávia,
formada pela reunião dos países sérvios. No fim da II ª Guerra Mundial, que
reavivou velhas hostilidades fundiu-se toda a Iugoslávia na península, deixando
de lado apenas a Grécia, a Turquia, a Albânia e a Bulgária estas últimas,
alinharam-se ao grande bloco da União Soviética e aos demais países socialistas
da Europa do Leste. A Grécia e a Turquia se reaproximaram das potências
ocidentais. A Iugoslávia, a princípio esteve alinhada á União Soviética, mas
logo se tornou independente da União soviética e demais países do bloco
comunista, apesar de manter um governo de regime socialista sob a mão de ferro
do marechal Tio, que conseguiu segurar toda e mistura de etnias, religiões.
Às vezes é preciso
voltar muito na História, como fizemos hoje, para poder situar um ou mais povos
no tempo e no espaço para que se possa entender o presente. Falei apenas das
situações principais, para se traçar um esboço rápido e nos permitir entender
tantas diferenças e tantas dificuldades e desentendimentos entre países e povos
vizinhos espremidos num espaço tão pequeno do nosso planeta.
Antes de falar da
Eslovênia e da Croácia; deveria ter tentado explicar, como é e como se
desenvolveu a península em que esses países estão. Parece-me, que por lá, até
bem pouco tempo, nunca houve realmente um momento de paz, de satisfação e
principalmente de liberdade. Espero que agora, com todos independentes uns dos
outros, possam crescer, progredir, prosperar e principalmente estarem em paz
uns com os outros.
Quanto mais leio, mais
estudo e pesquiso, vou tendo uma sensação cada vez maior e mais triste de que
nós aqui da Terra, somos ainda muito atrasados e muito ignorantes. Não é só
aquela infeliz península que viveu até bem pouco tempo, estropiada, aos trancos
e barrancos; é o mundo inteiro, gente! É um querendo comer o outro; basta
voltarmos nossos olhos para o Oriente Médio, onde israelenses e palestinos
jamais chegam a um acordo e acho que desde que o mundo é mundo vivem se matando
( basta ler a Bíblia para saber). Os americanos e iraquianos se destroçam em
nome de uma liberdade, de uma democracia ou, sei lá do que! Destruíram uma
cidade histórica, linda como Bagdá, da qual restam apenas ruínas e, quanta
gente já morreu e continua morrendo a cada dia! É ignorância mesmo,
bestialidade, atraso!
É isso, meus queridos,
a Península dos Bálcãs deu bem no que pensar. Para que tanto sectarismo, se
todos nós somos irmãos, filhos de um mesmo Pai?
Da próxima vez vamos
estudar a Sérvia. Aguardo, como sempre, as suas sugestões, críticas e
correções. São elas que irão fazer nosso estudo melhor.