HIST�RICO DA INTEND�NCIA MUNICIPAL DA TAQUARA DO MUNDO NOVO

 

Alex Juarez M�ller

Acad�mico do Curso de Hist�ria FACCAT � Taquara/RS

 

Resumo

 

O pr�dio em que est� localizada a Prefeitura Municipal de Taquara � um patrim�nio que faz parte da hist�ria do munic�pio, e exatamente neste ano (2008) que se realiza seu centen�rio. Essa r�pida pesquisa teve o objetivo de realizar breve hist�rico desse importante patrim�nio taquarense, bem como mostrar a sua import�ncia enquanto patrim�nio hist�rico.

����������� O recorte temporal corresponde ao ano de constru��o e inaugura��o do pr�dio, fazendo-se tamb�m uma an�lise atual da import�ncia desse patrim�nio para o munic�pio.

����������� O artigo a seguir apresenta o hist�rico, seguido de um breve relato patrimonial. Para essa pesquisa foram utilizadas fontes documentais de �poca e bibliografias atuais.

 

A Intend�ncia Municipal da Taquara do Mundo Novo

 

����������� A Intend�ncia Municipal (Foto 01), como era conhecido o edif�cio no passado, hoje Pal�cio Municipal Coronel Diniz Martins Rangel, realiza seu centen�rio no dia 21 de dezembro de 1908. O pr�dio centen�rio identifica um munic�pio que possui vasta hist�ria a ser pesquisada, mostrando ainda o bom desempenho pelo qual passava a regi�o na �poca.

����������� A constru��o da Intend�ncia realizou-se no ano de eleva��o de Taquara a condi��o de cidade (Decreto 1404, 19/12/1908), destacando-se o crescente desenvolvimento que aflorava no munic�pio nesta �poca, como segue:

 

�Eleva � categoria de cidade a villa de Taquara, considerando que o seu movimento industtrial e comercial cada v�s avulta mais, principalmente ap�s a sua liga��o ferrea a outros centros; e tambem que o municipio conta popula��o superior a 28.000 almas�.(KAUTZMANN, decreto 1404, 19/12/1908, p. 726)

 

����������� O intendente Cel Diniz Martins Rangel foi quem deu in�cio as constru��es do pr�dio, dando como justificativa que a velha intend�ncia estava em ru�nas (rua J�lio de Castilhos, nas proximidades do Col�gio Santa Terezinha).

����������� A constru��o do novo edif�cio veio por ocasi�o de empr�stimo no Banco da Prov�ncia do Rio Grande do Sul, que foi no valor de 150:000$000 contos de r�is, sendo que parte desse seria utilizado para a constru��o do edif�cio, como relata o pr�prio Cel Diniz em seu relat�rio anual ao Conselho, com descrimina��o de gastos:

 

�Assim agindo, conseguimos attingir � lisongeira situa��o de prosperidades em que se econtra o municipio e que colloca em magn�fica situa��o econ�mica de poder com facilidade e presteza liquidar o emprestimo de cento e cincoenta contos, contrahido ao Banco da Provincia, por vossa auctorisa��o, para a construc��o do edif�cio destinado � intendencia e extinc��o da praga de gafanhotos que por vezes assolou o nosso municipio.

Desse emprestimo, como sabeis, cem contos eram destinados � edifica��o do pal�cio municipal, que com as suas depend�ncias indispensaveis, que foram feitas, e com as intalla��es de luz, hydraulica e exgotos depois de tudo construido, or�ou a sua despeza total em 115:610$114, assim discriminada:

����������� Edif�cio propriamente dito:��������������� 98:852$351

����������� Luz , encanamentos, exgotos, etc��� 5:614$031

����������� Muros, estribarias, etc.��������������������� 11:143$732�

(Relat�rio1908, p. 2 e 3)

 

����������� O edif�cio da intend�ncia foi elaborado pelo engenheiro Ildefonso Fontoura, tendo sua constru��o administrada pelo construtor Jo�o Cattani. O pr�dio foi projetado para ser exemplo de constru��o na sua �poca, sendo assim o s�mbolo de poder de um munic�pio e de seus l�deres pol�ticos. O pr�dio ainda mostra o processo de urbaniza��o pela qual o Brasil passava no in�cio do s�culo XX, havendo a necessidade de construir um Brasil novo, mostrando o seu potencial atrav�s da organiza��o e do progresso, esses alcan�ados atrav�s da Rep�blica conforme os ideais de �poca. In�meras cidades sofreram altera��es urbanas no Brasil, como Rio de Janeiro, S�o Paulo, Porto Alegre, todos no �mbito de pr�dios p�blicos e urbaniza��o.Em Taquara esse processo ocorreu, em menor escala, tomando como exemplo a edif�cio da prefeitura.

����������� O Pal�cio foi tachado como tendo �Moderno estylo architectonico (...) sobre apresentar fachadas elegantes e serias e ser julgado o primeiro do Estado, com excep��o do municipal de Porto Alegre(...)�(Relatorio, 1908, p. 3). O grande pr�dio, para sua �poca, foi elaborado para ser em tamanho maior que o atual, n�o tendo assim sua constru��o devidamente executada como no projeto original, como consta na planta do edif�cio (Foto 02). A sua n�o conclus�o, como consta no projeto original, fez com que o tamanho do edif�cio fosse reduzido em quase pela metade. Na mesma �poca foi constru�da a casa do Intendente que localiza-se nas proximidades.

����������� O edif�cio foi projetado para abarcar in�meras reparti��es p�blicas como as partes administrativas, setor de obras e at� mesmo relacionadas a atividades culturais, como biblioteca e museu, essas �ltimas nunca implantadas. Esses dados s�o poss�veis verificar atrav�s de an�lise da planta original da Intend�ncia, como segue rela��o:

 

Andar t�rreo: por�o, sub-intend�ncia, enfermaria, alojamento, xadrez, arrecada��o, assist�ncia, vest�bulo, cozinha, WC;

1� pavimento: f�rum, archivo, thesouraria, portaria, sala do jury, sala de jurados, sala do intendente, secretaria, WC;

2� pavimento: obras p�blicas, director, sala do conselho, sal�o, bibliotheca, museo, dep�sito de �gua.

 

Material empregado na obra:

Argamassas:

Funda��es: 1 de cimento, 1 de cal, 4 de areia;

Eleva��es: 1 de cal, 3 de areia;

Reboco de Muros: 1 de cimento, 1 de cal, 3 de areia;

Reboco dos por�es: 2 de cal, 3 de areia.

 

Alvenarias:

Funda��es: Alvenaria de Pedra;

Eleva��es: Alvenaria de Tijolo.

 

Patrim�nio

 

����������� A Prefeitura Municipal de Taquara representa um patrim�nio presente para o munic�pio, agindo como elemento hist�rico e identificador. Para o munic�pio � imposs�vel n�o lembrar de sua hist�ria sem passar pelo pal�cio municipal. A Intend�ncia est� viva na mem�ria das pessoas, ocorrendo uma assimila��o comum a todos, onde:

 

 

�O patrim�nio cultural se manifesta, assim, como um conjunto de objetos, monumentos e s�tios, ritos e celebra��es, h�bitos e atitudes, cuja a manifesta��o � percebida por uma coletividade como �marca� que identifica, que adquire um sentido �comum� e compartilhado por toda uma �comunidade�: um grupo de pessoas que tem em comum o sentido de identidade, de identifica��o uns com os outros, o que gera o sentimento de solidariedade, de agrega��o, de pertencimento a um grupo(...).� (HORTA, 2000, p.29)

 

����������� Essa mem�ria deve ser preservada, deixando para as gera��es futuras um exemplar raro de hist�ria viva, mostrando uma arquitetura e forma de constru��o n�o mais existente.

����������� A preserva��o desse patrim�nio depende diretamente do poder p�blico, n�o somente por ser um pr�dio p�blico, mas por ser esse �rg�o que d� provid�ncias para conserva��o desses bens, tais como o tombamento e o encaminhamento para a restaura��o.

����������� O tombamento vem a ser o reconhecimento de uma comunidade perante a sua hist�ria, mostrando o desejo de preserv�-la, pois esse meio � �uma das primeiras a��es para a preserva��o do bem, � medida que impede legalmente sua destrui��o�. (ALTHOFF, 2002, p. 10). Essa forma de prote��o � expressa nas constitui��es federal e estadual.

����������� O Pal�cio Municipal Cel Diniz Martins Rangel no passado era ilustrado aos olhos dos que estavam fora do munic�pio como exemplo de constru��o, sendo um edif�cio que atendia as necessidades do servi�o p�blico para com a popula��o. Atualmente esse edif�cio perdeu essa caracter�stica, pois por ser um pr�dio centen�rio n�o acompanhou o avan�o da tecnologia, havendo in�meras adapta��es mal realizadas, ou simplesmente que n�o cabem a esse tipo de monumento, como a falta de adapta��o a deficientes f�sicos e o emprego de materiais eletr�nicos, tais como: falta de rampas, elevador, instala��es de computadores, ar-condicionados, telefones, entre outros.

����������� No momento que essa constru��o deixa de ser exemplo de funcionalidade pr�tica para uma administra��o p�blica, passa a ser, no mesmo momento, exemplo vivo para o munic�pio como bem patrimonial e hist�rico. Esse bem representa dentro, e principalmente fora, do munic�pio o seu cart�o de visitas, mostrando a import�ncia da preserva��o da hist�ria local. Aos olhos dos visitantes mostramos que sabemos valorizar a hist�ria, estando bem ou mal conservado, pois esse tipo de monumento est� comemorando seu centen�rio aos dias de hoje � simplesmente uma vit�ria em uma �poca onde a competitividade � acirrada, onde a derrubada desse tipo de patrim�nio � comum para dar lugar ao mais moderno e funcional.

 

Considera��es Finais

 

����������� Percebemos que o edif�cio que abrange a Prefeitura Municipal de Taquara � um �cone para o munic�pio, sendo a representa��o viva de sua hist�ria. Mesmo que o pr�dio n�o esteja nas suas reais condi��es de atendimento as necessidades do p�blico e tamb�m de normas de conserva��o patrimonial, a comunidade local possui a consci�ncia de sua real import�ncia.

����������� A preserva��o do pr�dio se faz necess�ria, para que parte da hist�ria do munic�pio continue viva. Esse aspecto � de extrema import�ncia, pois um plano de restaura��o bem executado do edif�cio pode refletir no restante do patrim�nio hist�rico existente dentro do munic�pio, ou seja, ser um exemplo. A promo��o da restaura��o, nas normas patrimoniais, cabe ao poder p�blico, buscando parcerias e elabora��o de projetos na obten��o de recursos.

����������� Em uma an�lise final, podemos perceber que o edif�cio n�o mais comporta as atuais atividades que vem sendo exercidas no seu interior e exterior, sendo que � preciso o mais breve poss�vel, uma restaura��o e se poss�vel, a mudan�a das atuais atividades para outro pr�dio. A partir de tais iniciativas, o pr�dio pode vir a ser utilizado como um centro cultural, o que � inexistente at� o momento no munic�pio.

 

Fontes Consultadas

 

ALTHOFF, F�tima Regina; PRUD�NCIO, Maria das Gra�as Silva. Tombamento: uma iniciativa pata proteger. Editora: Graphel. Florian�polis, 2002;

 

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Fundametos da educa��o patrimonial. IN: Ci�ncias e Letras � Revista da Faculdade Porto-Alegrense de Educa��o, Ci�ncias e Letras. Educa��o e Patrim�nio Hist�rico-Cultural. N�mero: 27. Editora: Metr�pole. Porto Alegre: 2000;

 

RELAT�RIO apresentado ao Conselho do Municipio do Mundo Novo pelo intendente Coronel Diniz Martins Rangel em 20 de setembro de 1908 e lei do or�amento para 1909 e respectivas instruc��es;

 

Planta da Intend�ncia Municipal da Taquara do Mundo Novo;

 

KAUTZMANN, Maria Eunice Muller (org.). Hist�ria de Taquara. Prefeitura Municipal de Taquara. Taquara, 2004.

 

FOTOS:

 

 

 

Foto 01 � Prefeitura Municipal de Taquara. Data: 02/2008. Foto: Alex Juarez Muller

 

 

 

���������� Foto 02 � Planta da Intend�ncia Municipal de Taquara � �poca 1907

���������������������������������� Fonte: Prefeitura Municipal de Taquara